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Postado por contato 18 de Maio de 2015 14:58
Artigos Técnicos - Geral
A importãncia da equipe de solo na redução dos riscos nas operações aeroagrícolas (1)
O desenvolvimento da aviação agrícola brasileira foi intenso nos últimos anos. Isso pode ser evidenciado pela utilização de novas aeronaves, como o “Ipanema”, com desempenho muito superior ao do Embraer-200, lançado no mercado brasileiro em 1969. Também foram incorporadas à frota nacional diversas aeronaves estrangeiras, dentre elas, as aeronaves turbo-hélice, donas de uma performance notável. No campo da tecnologia, a adoção do GPS Diferencial (DGPS), que eliminou o sistema convencional por bandeiras - os “bandeirinhas” -, foi outro avanço que permitiu ganho de produtividade de diversas formas, com o piloto podendo escolher qual a melhor forma de aplicação e largura das faixas de deposição. Porém, tais ganhos de produtividade não podem ocorrer em detrimento da segurança operacional. Isso criaria situações que podem expor os pilotos a um nível de risco inaceitável, como realizar curvas (balões) mais apertadas que o recomendado e carregamento da aeronave com uma quantidade de produtos químicos maior que a capacidade regulamentada. Uma busca eficaz de produtividade deve ocorrer através de planejamento adequado da operação, boa estrutura da empresa em termos de segurança operacional e, principalmente, pela atuação de uma equipe de solo capacitada, nem sempre reconhecida de forma devida.
Para algumas empresas aeroagrícolas – em especial aquelas que não adotaram a cultura de gerenciamento de risco – o piloto é o principal responsável pelo aumento da produtividade em termos reais. Porém, contratempos ocorridos no solo, como um simples descuido na mistura de produtos químicos ou falhas no equipamento de solo, podem afetar o rendimento da operação como um todo, sem qualquer interferência do comandante.
Para que isso não ocorra é fundamental a participação de profissionais de apoio em solo, como coordenadores (profissional que cuida do relacionamento com os clientes e ordena os locais onde será realizado o trabalho), mecânicos de aeronaves e, principalmente, um profissional subestimado: o ajudante de solo, também conhecido como badeco, secreta, tuco, técnico (variando a denominação conforme a região do País).
Tempo se ganha no chão, com equipe de solo bem treinada Como exemplo das atividades desenvolvida por esse prossional, podemos citar o abastecimento simultâneo de combustível e produtos químicos. Enquanto o piloto cuida de outros aspectos da operação, o ajudante efetua o referido abastecimento, tornando-se o principal responsável no momento em que realmente se ganha (ou não se perde) tempo – no solo. Uma das maiores diculdades desse trabalho é realizar as tarefas no menor tempo possível, para garantir que a aeronave possa decolar rapidamente, atividade que deve ser executada por um prossional treinado, experiente e atento a qualquer anormalidade.
Quando se trata de segurança operacional, é o ajudante (da equipe de solo) quem realiza algumas das tarefas essenciais. Mesmo assim, devido à natureza sazonal da aviação agrícola, com o término da temporada de aplicação de defensivos muitos empresários não querem arcar com o custo de manter o ajudante durante a entressafra. Isso gera uma grande rotatividade no setor, pois na temporada seguinte, será necessário contratar uma nova pessoa para executar essa tarefa, muitas vezes sem treinamento e com pouca experiência. Isso traz ansiedade para todos, devido à perda de produtividade. O custo de se manter um bom ajudante, ou pelo menos de providenciar a ele algum tipo de assistência e garantir a sua permanência na temporada seguinte, é menor do que as perdas decorrentes e o aumento dos riscos operacionais de se ter um novo ajudante, inexperiente, na empresa. A segurança operacional deve ser atingida observando todos os aspectos que possam contribuir para os riscos da atividade. O reconhecimento da importância dos ajudantes é fundamental para que possa ser reduzido o tempo perdido em solo, forte componente de pressão ao piloto. Assegurar uma equipe de solo eficiente e capacitar o ajudante que acompanha a aplicação aérea, garantindo a ele uma condição adequada de trabalho, são medidas que promovem a segurança operacional e minimizam os riscos na atividade aeroagrícola.
(1) Autor:Alexandre Derivi Endres Especialista em Regulação de Aviação Civil Chefe da Divisão de Regulação Econômica – DRE Unidade Regional Porto Alegre
Fonte: Carta de Segurança Operacional - Anac (baixar PDF
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