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DOAÇÃO

Setor Canavieiro teme prejuízos e requer suspensão da medida do IBAMA que proíbe aplicação aérea de 4 ingredientes de inseticidas.

Legislação

             O setor da Cana-de-Açúcar é um dos mais prejudicados com a medida do IBAMA a qual, através de comunicado publicado no Diário Oficial do dia 19 de julho, busca proibir a aplicação aérea de dezenas de inseticidas que contém na sua composição um dos 4 ingredientes ativos que são supostamente associados à morte de abelhas, fato ainda não comprovado cientificamente. O setor vai àquele Instituro requerer a revogação do ato, publicado sem qualquer discussão prévia.

            Os ingredientes ativos objeto da medida são o Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil.

          Muitos inseticidas que contém algum aqueles ingredientes  são largamente aplicados via aérea na cultura da Cana-de-Açúcar para o combate da "Cigarrrinha", praga de grande importância econômica, causadora de grandes prejuízos à produção sucroalcooleira. A incidência da "Cigarrinha"  tem aumentado à medida que se eleva o percentual  do corte mecanizado naquela cultura, sem queima. A palha da cana, espalhada em cobertura sobre o solo, forma um ambiente favorável ao desenvolvimento da praga. Devido às grandes extensões que devem ser tratadas em um curto espaço de tempo, a aplicação aérea tem sido usada com  grande eficácia e sem efeitos colaterais relatados.

          Devido à iminência dos prejuízos que poderão advir se permanecer a proibição da aplicação aérea daqueles inseticidas, o Setor Canavieiro, reunido em Ribeirão Preto, São Paulo, no dia 26 de julho, no evento "InsectShow" (8º Seminário Nacional sobre Controle de Pragas da Cana), endossou documento a ser enviado para o presidente do Instituto, Volney Zanardi. No documento é solicitada a suspensão dos efeitos do Comunicado. Na mesma oportunidade aprovaram apoio a documento de  mesmo teor encaminhada pelo Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola - Sindag. O documento do Sindag também solicita a imediata suspensão do Comunicado do Ibama e a abertura de discussões em torno do assunto, envolvendo todos os interessados.

         Segundo o Eng.Agr. Dib Nunes Júnior, um dos participantes do evento em Ribeirão Preto, os prejuízos com a medida do IBAMA poderão ser enormes, já que a "Cigarrinha" tem o potencial de causar danos da ordem de 10% na produção, isto se apenas 30% da área for infestada sem controle.

Fonte: Jornal A Cidade (EPTV.COM)


A seguir o inteiro teor do documento enviado pelo Seminário ao Presidente do Ibama (fonte: Blog do Eng.Agr. Dib Nunes

"Excelentíssimo Presidente do IBAMA, Volney Zanardi Jr.

Cc: Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Mendes Ribeiro Filho

Cc: Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira

Cc: Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel

Prezado Dr. Volney,

Foi com grande surpresa e indignação que recebemos o comunicado do IBAMA, publicado no último dia 19 no Diário Oficial da União, desautorizando temporariamente a pulverização aérea de todos os produtos que contenham os ingredientes ativos Imidacloprido, Tiametoxam, Clotianidina e Fipronil em diversas culturas, incluindo a cana de açúcar. Além disso, também foi desautorizada a aplicação desses ingredientes ativos em época de floração, e imediatamente antes do florescimento, ou quando for observada visitação de abelhas na cultura.

Temos grande preocupação com o meio ambiente e com a preservação da biodiversidade, pois a agricultura depende da natureza. Por essa razão, seguimos à risca toda a legislação ambiental e acompanhamos todas as avaliações e recomendações dos insumos utilizados na produção de cana de açúcar.

Sabemos que alguns dos ingredientes ativos agora suspensos para aplicação aérea já estavam na lista de reavaliação do governo federal desde 2009. E agora, sem nenhuma discussão prévia, nem avaliação de alternativas, o IBAMA privou os agricultores de importantes ferramentas para o manejo de pragas, o que trará grandes prejuízos para a agricultura brasileira.

O setor da cana de açúcar passou a contar com a aplicação aérea de inseticidas após as determinações ambientais que suspenderam a queima da cana em diversos estados, protegendo as populações do inconveniente da fumaça e diminuindo a emissão de carbono na atmosfera, que pode ter implicações no aquecimento global. Por outro lado, a incidência de insetos pragas aumentou, fazendo da aplicação aérea uma opção fundamental para um controle preciso e rápido das mesmas.

Sem a aplicação aérea desses defensivos, haverá aumento de custos e perdas expressivas para os produtores, que trabalham em áreas extensas e já operam com dificuldades. Além disso, como não há nenhuma conclusão definitiva sobre possíveis efeitos negativos ao ambiente e às abelhas, entendemos que a suspensão cautelar da aplicação aérea não se justifica.

As empresas que comercializam estes produtos investem milhões dólares em pesquisas todos os anos para aumentar a produtividade canavieira e lutar para que nosso país continue a frente das exportações de açúcar e na corrida por uma fonte energética mais limpa.

Deixamos claro que estamos extremamente preocupados com aumento expressivo da bróca dos colmos Diatraea saccharalis e das cigarrinha das raízes da cana de açúcar (Mahanarva fimbriolata) em todas as regiões produtoras do país, que está colocando em risco os quase 9,6 milhões de hectares desta cultura.  No momento, o setor canavieiro está atravessando uma de suas maiores crises dos últimos tempos, que está levando as empresas do ramo a um estado pré-falimentar, colocando em perigo o emprego de mais de 600 mil pessoas com carteira assinada e outras 1,2 milhões que militam indiretamente neste importante segmento do agro negócio brasileiro. Entendemos a louvável cautela do Governo, mas pedimos para V.Exas. levarem em conta as seguintes ponderações:

  1. Em grandes infestações estes inseticidas tem se mostrado altamente eficazes na redução das infestações de broca dos colmos e das cigarrinhas das raízes, contribuindo para o aumento da produtividade de até 40%.
  2. Estes produtos tem se mostrado também, altamente seletivos a todos os inimigos naturais destas pragas da cana, não causando qualquer impacto sobre suas populações.
  3. No controle integrado tem sido recomendados juntamente com a liberação de inimigos naturais como a Cotesia flavipes e o Trichogramma galloi, inimigos naturais criados em laboratório e muito usados no auxilio ao controle desta praga.
  4. Estes inseticidas são soluções praticas e baratas disponíveis ao produtor.
  5. Esta proibição vem em momento inoportuno prejudicando ainda mais esta já combalida atividade canavieira em todo o país.
  6. Sem o uso destes produtos a produção canavieira estará comprometida nos próximos anos dada a escalada das infestações destas pragas
  7. Defendemos a reavaliação dos ingredientes ativos, com estudos profundos e adequados, que tragam conclusões que protejam os agricultores e o meio ambiente

Assim sendo, os participantes do 8º Seminario Nacional Sobre Controle de Pragas da Cana de Açúcar, congregando profissionais e empresas ligadas ao setor canavieiro, tais como: os próprios produtores de cana,  técnicos e engenheiros agrônomos, representantes de vendas de produtos e serviços do agronegócio cana de açúcar, renomados pesquisadores, consultores e demais formadores de opinião, além das próprias empresas de defensivos agrícolas,  gostaríamos de expressar nosso protesto contra medidas recentemente adotadas pelo IBAMA para proibição das aplicações aéreas dos inseticidas Neocotinóides.

Abaixo subscreveram a carta mais de 200 participantes do Insectshow, Associação de Pulverização Agrícola e o Grupo IDEA."