09 de Agosto de 2015 00:00
O dia 19 de agosto tem um significado todo especial para a aviação agrícola brasileira: Comemoramos o DIA NACIONAL DA AVIAÇÂO AGRÌCOLA. A data foi oficializada pelo Decreto 97.669 de 19 de abril de 1989, como homenagem à data em que - em 1947 - foi empregada pela primeira vez uma aeronave na proteção à produção agropecuária no Brasil.
Um pouco de história:
Em 1947, uma grande nuvem de gafanhotos se abateu sobre os municípios da zona sul e campanha do estado do Rio Grande do Sul, dizimando plantações e pastagens. O Engenheiro Agrõnomo Leôncio de Andrade Fontelles, chefe do Posto do Ministério da Agricultura em Pelotas manteve contato com as diretorias dos aeroclubes de Pelotas, Bagé e Jaguarão para que, com suas aeronaves, fizessem voos de reconhecimento e monitoramento, iniciando o trabalho de localização das nuvens e locais de desova dos gafanhotos em terra.
A primeira aplicação real, ainda em caráter experimental, mas bem sucedida, foi realizada no dia 19 de agosto de 1947. Para tal trabalho Leôncio Fontelles adaptou uma polvilhadeira manual a uma aeronave de fabricação nacional, um Muniz M9, do Aeroclube de Pelotas. A aeronave foi pilotada pelo Comte. Clóvis Candiota, ocupando Fontelles o segundo assento, manuseando ele próprio a polvilhadeira. O produto empregado foi o organoclorado BHC em pó, sendo os voos efetuados diretamente sobre as nuvens dos insetos.
O equipamento aplicador consistia de dois depósitos metálicos em forma de moegas, fixados dentro da fuselagem, na barriga do avião. Cada moega possuía seu dosador próprio, constituído por um registro de gaveta controlado pelos tripulantes. A pressurização do BHC no interior do depósito era proporcionada pelo ar, captado por um funil metálico conectado a um tubo de borracha cuja outra extremidade se ajustava um outro funil, no interior do depósito. Este dispositivo era manejado pelos operadores para agitar e pressurizar o pó.
A aeronave empregada, Muniz M-9, era uma aeronave biplace, matrícula PP-RER, de 200 HP que atingia a velocidade de 160 km/h, com uma autonomia de voo de 4 horas e uma capacidade de carga (pó) de aproximadamente 100 kg. O Muniz M9, assim como o Muniz M7, era então muito utilizado na instrução de voo nos aeroclubes brasileiros.
Após este primeiro e bem sucedido teste, outras aeronaves foram adaptadas e incorporadas ao combate aos gafanhotos entre elas duas aeronaves CAP-4, trazidas desde São Paulo por Clóvis Candiota.
O pioneirismo de Antônio Fontelles e Clóvis Candiota não se limitou aos primeiros testes, adaptações e combate direto às nuvens de gafanhotos: tiveram eles a iniciativa de, visualizando talvez o que viria a ser a Aviação Agrícola no Brasil futuro, idealizar a atuação empresarial da atividade e fundaram uma sociedade que veio a ser a primeira Empresa de Aviação Agrícola no país, a SANDA - Serviço Aéreo Nacional de Defesa Agrícola.
Graças a este trabalho pioneiro, com justiça foi instituído o dia 19 de agosto como o Dia Nacional da Aviação Agrícola e, pelo mesmo Decreto 97.669, o Cmte. Clóvis Candiota recebeu o título de Patrono da Aviação Agrícola Brasileira.
Veja abaixo notícias dos jornais da época:
Fonte:
Marques, Alexandre. Apostilas XIX Curso de Executores de Aviação Agrícola - Agrotec Tecnologia Agrícola e Industrial Ltda. Pelotas, RS, setembro de 2003
MUNIZ M9
< Leôncio Fontelles
Clóvis Candiota >
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