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Falta uma efetiva Política para a Aviação Agrícola no Brasil

10 de Fevereiro de 2015 15:16

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Notícias - Opiniões dos Agronautas

Falta uma efetiva política para a Aviação Agrícola no Brasil

Jeferson Luis Resende1

 

Passados mais de 10 anos do início de um Projeto, e o Brasil continua sem uma Política de Estado para a AVIAÇÃO AGRÍCOLA e para o Setor de Aplicação de Agroquímicos em Geral... até quando?

 

Em 2003... 2004, ao lado do Professor Ph.D. em agronomia, SIDNEI OSMAR JADOSKI, iniciamos um Projeto focado na Tecnologia de Aplicação Aérea e Terrestre, que tinha como objetivo criar dentro da UNICENTRO, um Centro de Ensino e Pesquisas Aeroagrícola-terrestre.

 

Da criação da ideia até a sua apresentação interna na Instituição e, depois, para o Mapa e o então DAC, ocorreram muitas discussões, muitas idas e vindas, até que, finalmente, o então Reitor da UNICENTRO, Prof. ZANETTE, foi a São Paulo assinar o Termo de Cooperação Técnica com o MAPA, envolvendo mais duas Universidades: a ESALQ e a UNESP/Botucatu; surgindo no papel o Centro Nacional de Excelência em Aviação Agrícola.

 

Em paralelo, a UNICENTRO incluiu no currículo natural do Curso de Agronomia a Cadeira de Aviação Agrícola, buscou a sua Homologação como Escola Aeroagrícola junto ao MAPA e ao DAC/ANAC. Criou o Curso Superior de Mecânico de Manutenção de Aeronaves – MMA... etc. Implantou o NATA/PR = Núcleo de Aviação e Tecnologia Agrícola do Paraná.

 

Havia uma proposta muito clara, no sentido de se criar em Guarapuava um Centro de Ensino e de Pesquisas tendo como referência, em parte, a Universidade de Louisiana – EUA e, o extinto CENEA/CAVAG.

 

Pensávamos formar Pilotos, Mecânicos, Agrônomos e Técnicos Agrícolas, que iriam atuar na aviação a partir de um treinamento integrado conjunto, harmônico, ancorado também pelas Pesquisas Acadêmicas.

 

Para isso, desejávamos contar com parte do acervo da Fazenda Ipanema, onde por muitos e preciosos anos funcionou o CENEA/CAVAG.

 

Enfim, a UNICENTRO fez a sua parte naquilo que lhe cabia. Já os demais parceiros governamentais (leia-se o MAPA em especial), deixaram a coisa toda andar ao sabor do vento... como uma “biruta de aeroporto”. Até que tudo se definhou e deixou de existir.

 

Por isso, quando vemos voltar à tona a proposta de reativação da Comissão Especial para Assuntos da Aviação Agrícola (necessária e muito bem vinda), e o levante de algumas boas ideias... voltamos ao tempo, aos anos de 2003/04 e... por conta disso, entendendo como funciona a máquina pública e alguns dos seus órgãos, não conseguimos crer na evolução dos fatos.

 

Passados mais de 10 anos desde a assinatura da criação do Centro Nacional de Excelência em Aviação, nada, absolutamente nada avançou a ponto de enxergarmos boa vontade e desejo da União em criar de fato uma Política de Estado para a atividade aérea e terrestre de aplicação fitossanitária.

 

Com relação ao trato cultural terrestre, embora a Indústria tenha desenvolvido e disponibilizado máquinas fantásticas, estas, são operadas na sua maioria por gente com pouco ou, nenhum preparo técnico.

 

Não existe Regramento para a formação de Operadores Terrestres, como há para a aviação (o Mestre Eduardo Araújo vem brigando há anos pela isonomia destas atividades, sem êxito). Não há nenhuma Legislação para a operação das máquinas terrestres, a exemplo do que é exigido das aeronaves.

 

Não há nenhum incentivo ou, apoio para Instituições como a UNICENTRO, que se dispuseram criar Núcleos de Formação e Pesquisas.

 

Portanto, salvo novas e profundas mudanças – alvissareiras – continuaremos vendo um MAPA que faz de conta que cuida da AVIAÇÃO AGRÍCOLA, um IBAMA que a enxerga como praga e, uma ANAC que a atura por obrigação.

 

Esta é, infelizmente, a nossa realidade. A realidade do setor aeroagrícola brasileiro.

 

Quem sabe, dando um voto de confiança na honorabilidade dos bons homens.... dos homens de bons costumes, ainda possamos ver toda esta nossa descrença ser retratada por conta de ações contundentes e positivas dos órgãos públicos responsáveis.

 

Até lá.... notícias sobre os aviões Ipanema.... os aviões PA18.... e, de todo acervo científico da Fazenda Ipanema (Sorocaba-SP), seriam bem vindas.

 

1 O autor, Jeferson Luis Resende foi piloto agrícola e membro pesquisador do NATA-PR/UNICENTRO. É especialista em tecnologia de aplicação.

 

 

 


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