Prezado Sepé
Suas dúvidas são muito pertinentes e certamente muitos 'Agronautas" gostarão de postar suas opiniões neste tópico.
A seguir, para iniciar o debate, coloco alguns pontos, seguindo a ordem das questões:
1- Para misturar óleo em água é necessário adicionar um outro elemento- o emulsificante - e agitar. A emulsão então formada fica com um aspecto leitoso e, se o emulsificante for bom e o procedimento adequado, a emulsão se mantém estável por várias horas ou até dias. A emulsão mais comum é a de óleo em água, na qual uma gota contém várias gotículas de óleo (+produto) envoltas por água. A emulsão na qual se emprega uma quantidade maior de óleo do que água e um emulsificante próprio, chama-se " emulsão invertida" e, nesta, uma gota de óleo contém várias gotas de água (+ produto) dispersa no interior. Não é o caso do BVO.
2- Os produtos "CE" se misturam facilmente com água e óleo porque a formulação CE já contém emulsificante. Já as formulações SC são solúveis em água e NÃO possuem emulsificante e, portanto, para serem misturadas com óleo é necessário adicionar um emulsificante à calda.
3- Se os cartões forem HIDROSENSIVEIS as manchas que aparecem são as de água. Se os cartões forem ÓLEOSENSIVEIS eles tenderiam a mostrar o óleo mas, como as gotas de óleo são muito pequenas e envoltas em água, poderão não mostrar nada, ou muito pouco
4- Não sei. Precisaria ter mais informações. Há que verificar também um ponto importante que é a ORDEM de adição dos produtos na pré-mistura. Há uma ordem certa para que se forme uma mistura mais estável. Também a qualidade da água (pH e "dureza") podem influir).
5- Atomizadores rotativos que propiciem gotas bastante uniformes e que possam ser reguladas com facilidade de acordo com as condiçõees climáticas podem realmente aplicar baixos volumes (10-15 l/ha) com boa cobertura e baixas perdas por evaporação e deriva, sem adição de óleo.
6- O óleo só "encapsula" a gota no caso de emulsões invertidas (o que não é o caso do BVO). O que ocorre no BVO é que, se evaporasse toda a água, "sobraria" o óleo + produto em gotas muito finas que podem se depositar ou no alvo ou fora dele, por deriva, dependendo da condições climáticas. Lembrar então, que o óleo pode exercer uma pequena ação anti-evaporante, porém pode agravar os problemas de deriva. O óleo é mais leve que a água e gotas muito finas, que não evaporam, podem viajar a grandes distâncias...
Outro ponto importante é que, para aplicar em UBV (menos de 5 litros / hectare), as gotas devem ser muito finas portanto o diluente além de não ser volátil, deve ser mais denso que a água (como nas formulações UBV), de forma a minimizar, além da evaporação, a deriva. Aplicar 2 litros por hectare somente com água ou água mais óleo não é recomendável. As perdas podem ser muito grandes
Ainda: é importante que o fabricante do produto aplicado se manifeste sobre a adição de óleo pois a ação de alguns produtos se beneficia do óleo e de outros, não.
A discussão está em aberto
um abraço
Eduardo Araújo