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DOAÇÃO

Nota Oficial do Sindag sobre incidente em Rio Verde

Geral

O incidente ocorrido em 3 de maio, em área rural da região de Rio Verde, Goiás, envolvendo aplicação aérea de inseticidas e uma comunidade escolar, repercutiu em diversas mídias da imprensa escrita, televisiva e, principalmente na Internet. Visando esclarecer o ocorrido, o Sindag - Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola - divulgou, na data de hoje (14 de maio), Nota Oficial, assinada pelo presidente da entidade, cujo texto transcrevemos a seguir:
 
NOTA OFICIAL


Tendo em vista a repercussão sobre o acidente ocorrido no último dia 3 de maio, envolvendo uma empresa aeroagrícola e uma escola rural no município de Rio Verde/GO, o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) vem a público esclarecer o seguinte:
 
A aviação agrícola brasileira há mais de 65 anos contribui para o desenvolvimento do setor primário do país, não só ajudando a sustentar um dos principais pilares da economia nacional, mas também colocando o País como um importante produtor mundial de alimentos. Ao mesmo em que contribui para que as fronteiras agrícolas não avancem sobre áreas de matas ou habitats de vida silvestre, já que ajuda a garantir maior produtividade com o mesmo espaço de terras.

O setor aeroagrícola sempre contou com o respeito de produtores e pesquisadores, agregando tecnologias de ponta e atingindo um grau de qualificação de pessoal pouco encontrado em outros setores da economia. Tamanho desenvolvimento reflete diretamente no cuidado com as pulverizações de defensivos e se faz sentir também em outras atividades da aviação agrícola, como na aplicação de fertilizantes, manejo de florestas e no combate a incêndios florestais.

Ainda na aplicação de defensivos, é o setor aeroagrícola o detentor das melhores e mais eficientes tecnologias de operações, contanto com o fator velocidade e atingindo um grau de precisão que muitas vezes é determinante para a redução do volume de produtos necessários no trato à lavoura.

Sem falar na economia de água, que chega à proporção de um para 100 litros, no comparativo a outras formas de aplicação. E na eliminação das perdas por amassamento causadas pelos tratamentos terrestres (que em média chegam a 5% da lavoura) e na melhoria da sanidade das plantações – já que não há rodas passando sobre a cultura.

Por tudo isso, nos causa estranheza e indignação manifestações atacando a aviação agrícola, como as verificadas nos últimos dias em discursos políticos, bem como na nota publicada na última semana pela chamada Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, politizando um tema que é eminentemente técnico.

Repudiamos de maneira veemente afirmações como a de que em aplicações aéreas 70% dos defensivos acabam indo parar no solo ou são desviados pela deriva (quando a nuvem do produto “escapa” para fora da área aplicada). Isso equivaleria dizer que os produtores rurais, que confiam na aviação justamente pela sua precisão e redução de custos, estariam deliberadamente jogando pelo ralo quase um quarto do investimento em defensivos, que representam hoje boa parte dos custos de produção.

Também consideramos uma aberração o argumento de que todos os anos aviões “banham populações inteiras com veneno” ou mesmo que “pulverizam cidades”. Ou ainda que a aviação agrícola contamina “até a água da chuva” - apesar das operações aéreas não ocorrerem sob mau tempo e, ironicamente, haver também reclamações de que os aviões voam muito baixo (portanto, longe das nuvens).

Isso para não citar outras verdadeiras agressões ao bom senso.

A segurança da aplicação aérea no Brasil é demonstrada, estatisticamente, pelo fato de que neste último ano agrícola o setor aplicou em mais de 30 milhões de hectares com apenas este incidente registrado.

O avião é ferramenta vital para o produtor rural nos momentos mais críticos das culturas, principalmente no período chuvoso (devido à lama) e nas culturas altas, quando equipamentos terrestres não conseguem operar. Além dos já citados fatores velocidade e sanidade. Caso dos teatros de operações nas culturas da soja (principalmente contra a ferrugem asiática), algodão, cana de açúcar e milho. Bem como no arroz irrigado no Sul do Brasil, onde só é possível fazer o tratamento eficiente com pulverizações aéreas.

Falar sobre a supressão da atividade aérea no trato a lavouras no Brasil significa admitir uma redução de até 40% na produtividade. O que traria a necessidade de maior espaço para manter o ritmo de 180 milhões de toneladas anuais na produção de alimentos. Volume, aliás, que faz do País o terceiro exportador mundial em produtos agropecuários, movimentando US$ 100 bilhões.

A retirada da tecnologia dos aviões das lavouras seria ainda um retrocesso na própria segurança alimentar do Brasil onde, graças a avanços em diversas áreas técnicas, a produção agrícola multiplicou-se por seis, desde as 30 milhões de toneladas que eram produzidas nos anos 70. Época em que o País era grande comprador de alimentos de outros países.

A legislação é clara quanto à proibição do uso de aeronaves a menos de 500 metros de áreas povoadas e os aviões agrícolas são proibidos de voar com produtos químicos sobre cidades. Mas se estas ou outras regras vierem a ser infringidas, é caso de responsabilização pontual de quem as desobedeceu e, não, de toda a atividade (o que, no caso das aplicações aéreas é plenamente factível pois toda a atividade aeroagrícola é registrada, sob responsabilidade técnica, jamais atuando ela às escondidas). Além disso, é justamente o voo a baixa altitude, associado a condições específicas de umidade e velocidade do ar, que garantem a precisão nas aplicações (evita a deriva).

A aviação agrícola é hoje o ÚNICO meio de pulverização com legislação específica e altamente controlado. Um avião agrícola não decola sem estarem, ele e seu proprietário, autorizados pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República (que abrange a Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC) e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Além disso, é o próprio Sindag que, desde 2008, vem gestionando com a Embrapa (que este ano completou 40 anos como um dos mais importantes institutos de pesquisa agrícola no mundo) a parceria para um amplo estudo de tecnologias para avaliação e controle de deriva. Estudo esse que deve sair do papel este ano e é, até então a única iniciativa do gênero sobre pulverizações de lavouras.

O acidente do último dia 3, em Rio Verde/GO, é um caso de exceção, cujas causas e consequências estão sendo apuradas. O Sindag tem total interesse no esclarecimento da situação. A entidade entende como necessário que as falhas que levaram ao fato sejam colocadas à mesa para que se tracem medidas de profilaxia.

Tal entendimento foi repassado também à empresa aeroagrícola que está também empenhada no fornecimento de todas as informações solicitadas pelas autoridades, bem como em uma série de ações para que os efeitos do ocorrido sejam minimizados, a comunidade escolar volte à normalidade e ela possa restabelecer a confiança em seus serviços.

Consideramos o uso de defensivos assunto sério, que deve ser tratado com critérios técnicos e rígidos, e, não por abordagens políticas oportunistas. Isso porque, se por um lado são salvaguarda de milhares de produtores e que garantem alimentos e matérias-primas para a indústria, por outro são, sim, produtos que precisam de preparo técnico e racionalidade em seu manuseio.Preparo técnico este que é exigido e está presente nas aplicações aéreas em geral. E qualquer iniciativa ou debate para melhorar a segurança das aplicações é de total interesse do Sindag.

A entidade considera, portanto, que o verdadeiro crime está em explorar a falta de informações por parte da população para a busca de palanque, seja ele eleitoral ou não. Tentando generalizar o que é exceção. Prejudicando um debate onde o aspecto racional é imprescindível para garantir a sustentabilidade das lavouras e do meio ambiente.
 
NELSON ANTÔNIO PAIM
Presidente

FONTE : SINDAG